Esses boys precisam de muita terapia (não só eles)

 A arte de viver - René Magritte

Quem aqui acompanhou a saga de Carrie Bradshaw em busca do amor e todos os dilemas de Mr. Big? Já li uma crítica a narrativa da série por ter submetido Carrie por tanto tempo a um relacionamento de altos e baixos (muito mais baixos). Ela chegou a ser abandonada no altar, antes disso Mr. Big casou com outra e Carrie se tornou amante, tudo até o final feliz chegar. A crítica relatava: o arco da personagem fez muitas mulheres se manterem em relações escrotas com a esperança do final feliz. Principalmente, com esses homens fujões e atrapalhados.

Não discordo. Porém, qual homem não é um pouco Mr. Big? Qual mulher não é um pouco Carrie? Obviamente, há exceções. Existem, de fato, homens dispostos. E como somos brasileiras, a esperança não morre. Acredito também em outro caminho: o do despertar da consciência de nossas laminhas, como venho sempre falando.

O que cansa é perceber que, de modo geral, muitas de nós estamos aí fazendo o nosso trabalho de limpeza enquanto a maior parte dos homens permanece confortavelmente num lugar de muitas inabilidades. Pode até parecer uma crítica meio hetorocisnormativa, mas acredito ser um problema de gênero, independente de como se vive a sexualidade, como se performa as identidades.

Gabi tem uma teoria interessante, de que a maior parte dos caras, como não sabem lidar com o amor, preferem ficar por aí pegando geral, principalmente pessoas fora do seu ciclo, para não aprofundar as relações. Muitas vezes, desperdiçando o cavalo selado. Penso que há um problema maior nesse fato, o fracasso dos relacionamentos de nossos pais, avós, e tudo que absorvemos de quem estamos ao lado. No fim das contas, o machismo e nossos atrapalhos.

Muitos e muitas de nós crescemos em lares com muitas dores e traumas. Quantos homens e mulheres foram criados sem a presença do pai? Ou por homens que traíam, violentavam? Quantos filhos precisam se tornar maridos das suas mães? Outra receita do fracasso. Há um trabalho grande a ser feito para irmos descascando a cebola de tantas crenças equivocadas e traumas. 

Tenho me dedicado muito a isso nos últimos anos. Além da terapia, gosto muito dos efeitos do thetahealing, tomo florais astrológicos e não acho que essa fórmula precisa ser replicada por todos, cada um pode encontrar o que mais faz sentido na sua jornada. Nela, precisamos estar amparados por bons profissionais. O que é uma busca e, por vezes, um processo até você encontrar seu match. Ao invés de ajuda, pode haver até destrabalhos no caminho como também já contei por aqui.

Como faço terapia junguiana, analiso meus sonhos. Dentro dessa linha, se entende que os sonhos são um portal para nosso subconsciente. Vou relatar um interessante que tive há pouco tempo. Sonhei que estava amando um rapaz com deficiência, com os braços curtinhos e mãos deformadas. Mesmo assim, eu o amava e falava desse sentimento. Ele só retribuía meu amor com o olhar. Nada falava.

Com minha terapeuta, ficamos tentando desvendar os símbolos. Na coisa do braço, chegamos no lugar da dificuldade dos caras que tenho me relacionado em dar amor, afeto. De modo amplo, fiquei pensando: a energia masculina está bastante representada por esse símbolo. Quantos homens seguem por aí, mesmo quando estão em relacionamentos, não dando afeto, amor, mas recebendo muito em troca? E o pior: pedindo sempre de formas tortas o nosso amor. 

Percebo com frequência o seguinte movimento: quando vou embora, muitos homens continuam criando estratégias para chamar minha atenção, para continuar, de alguma maneira, recebendo meu afeto. Não adianta continuar a querer receber quando não se sabe dar, né?! Se vamos embora é justamente porque não estávamos sendo suficientemente amadas, respeitadas. Fico me perguntando: quando será que eles vão fazer fisioterapia nesses bracinhos? Quando vão se tratar? A gente também precisa se sentir amada.


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Será que os boys precisam passar pelo que Tony Soprano passou para buscar terapia?

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