A coragem de entregar-se ao amor
Paolla Oliveira e Diogo Nogueira - Reprodução do Instagram
Às vezes queria muito ser aqueles casais de Instagram. Aqueles que postam fotos apaixonadas, passeios, jantares, declarações sem nenhum pudor. Aqueles que sentimos ser verdade. Aqueles que não há energia de forçação. Os que transmitem uma boa vibe.
Engraçado como a energia não mente. Podemos sim nos surpreender com o que é não parece ser. Mas, quase sempre, pelo menos para mim (e não acho que tenha dons telepáticos), a verdade nua e crua está bem na nossa frente. A energia das coisas, pessoas, não mentem. Falando de casais, muito além do Instagram, é possível sentir a energia que eles pintam. O que juntos transmitem para o mundo.
Outro dia uma amiga comentou comigo da sensação que tinha ao me ver com um ex amor. Segundo ela, era uma energia de muita intensidade. E de fato era. Eu só não tinha noção que a gente externava isso. Mas a gente sempre externa. Por mais que a gente não assuma, que não aceite nossos sentimentos, eles estão no ar.
Eu tenho uma coisa que é péssima. Não sei disfarçar nada. Nem afetos, nem desimportâncias, nem desafetos. Se acho algo estranho ou incômodo, todos vão saber. Minha cara de c* não mente. E não sei o que é, mas tenho muita necessidade de dizer o que sinto. Principalmente quando algo me incomoda. Com sapos entalados não morro, disso tenho a certeza.
Algumas pessoas até tem o dom disfarçar. Porém, tudo que é está à olhos nus. Às vezes somos nós que não conseguimos enxergar ou aceitar. Às vezes precisamos de tempo. Às vezes, de maturidade. O grande lance é que, por querer controlar, fazer com que as coisas sejam do modo que nossa cabeça pensante determina, perdemos nosso dom de perceber a real natureza das coisas.
Hoje, só hoje, aos 35 anos, com ajuda da análise, de muitos desencontros, muitos, e de alguns encontros, aprendi a não negar mais sentimentos. Aprendi a não tentar calá-los ou racionalizá-los. Direcioná-los para onde minha cabeça pensante diz fazer mais sentido. Fiz muito isso. Já não assumi nem para mim o que sentia. Fiz esforços homéricos para esquecer. Jurei não mais lembrar. Lógico que não adiantou. Hoje só deixo ser. Do momento de gozar, apaixonar, entristecer e, se assim tiver que ser, despaixonar. Tudo no seu tempo. Aceitar o que se é é uma grande habilidade, tenho trabalhado nela e digo: não é fácil.
Talvez, por isso, inveje casais felizes do Instagram. Talvez seja essa entrega que busque. Esse não medo de estar nua e crua para o mundo inteiro ver. Com sentimentos, vulnerabilidades, exposto nas telas. Muito além do exibicionismo, vejo nisso uma baita qualidade. Parabéns aos que têm essa coragem! Coisa linda nessa vida é se apaixonar.